A Assciação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) – sociedade civil sem fins lucrativos com sede no Estado de São Paulo – criticou duramente a aprovação da licença ambiental para construção da usina de Belo Monte no rio Xingu. De acordo com a entidade, a obra irá causar profundos impactos na fauna e na flora, comprometendo a navegabilidade, a pesca e a agricultura.
Além desses problemas, segundo a Abong, animais serão extintos e os modos de vida locais se perderão em definitivo; grandes áreas de bosques serão inundadas e 100 quilômetros do rio Xingu, um afluente do Amazonas – com largas cachoeiras e fortes corredeiras, arquipélagos, florestas, canais naturais rochosos – se tornarão secos ou serão reduzidos a um filete de água.
‘E, isto, logo após a Conferência de Copenhague sobre a gravidade da questão ambiental no mundo atual’, diz a entidade através de nota divulgada no dia 10 de fevereiro.
O documento contesta, ainda, a informação do governo de que Belo Monte gerará 11.233 megawatts. Segundo a associação, essa potência só será produzida durante quatro meses. Depois, o máximo que se conseguirá é 4.000 megawatts, ou seja, um terço do anunciado. ‘O volume de terra a ser retirado para formar os canais será tão grande quanto aquele escavado para a construção do canal do Panamá. Milhares de pessoas dos municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo serão retiradas de suas terras compulsoriamente, tornando-se mais pobres. Um terço da cidade de Altamira ficará submerso. Os estudiosos afirmam que a construção de uma usina é apenas uma etapa. O projeto seria financeiramente deficitário se se limitasse a uma única usina. Aprovada e iniciada a primeira, o projeto das outras quatro virá necessariamente’, diz o relatório.
O texto começa afirmando que ‘era uma vez ‘Belo Monte’’ e dispara: ‘Tão belo que despertou a sede insaciável dos monstros que vieram para ficar e somente deixarão a terra que há anos ocupam, quando se apropriarem de vez, de todos os rios, todos os minérios, toda a biodiversidade do pulmão do mundo que, já em estado grave, clama pela resistência ativa de seus habitantes naturais: os povos da floresta’.
Em seguida, a entidade detalha a localização da vila de Belo Monte e destaca que o Rio Xingu possui a mesma biodiversidade em peixes que toda a Europa. É ali, continua a nota, ‘que o governo brasileiro – tomando o nome da vila – pretende construir uma das maiores hidrelétricas do mundo. Este é um projeto do tempo da ditadura militar, data dos anos 70. Originalmente, previa a construção de cinco usinas na região’. (O Liberal)




