No verão de 2011, a imprensa publicou uma reportagem sobre a morte de botos no Rio Tocantins nas proximidades de Marabá, a qual foi objeto de grande repercussão na região, foi levada para o Congresso Nacional e fez com que a Procuradoria Geral da União entrasse no caso.
No último domingo, 17, o repórter fotográfico Ulisses Pompeu encontrou mais um boto morto boiando à margem direita, a cerca de 500 metros a vazante de onde está sendo construída a Alpa (Aços Laminados do Pará). Isso não significa que a morte esteja ligada aos trabalhos da empresa. O animal tinha cerca de 2 metros de comprimentos e não tinham nenhum sinal externo de ataque que tenha provocado sua morte.
Meia hora depois, César Peres, presidente da ONG Mepa (Movimento Educacional pela Preservação da Amazônia) esteve no local e lamentou a morte daquele boto, revelando que há cerca de dez dias havia encontrado outro animal que também morreu de causas desconhecidas.
César percorre o leito do rio Tocantins toda semana desenvolvendo um trabalho de educação ambiental junto aos ribeirinhos entre Marabá e Itupiranga. Foi ele que, no ano passado, repassou as informações sobre o cadáver de outros dois botos que boiava, no remanso de uma ilha a 15 km de Marabá. O animal estava em adiantado estado de putrefação e apresentava sinais de que havia sido vítima de tiros, provavelmente de espingarda.
Muitos desses mamíferos também estão sendo atacados por pescadores como se estivessem em uma guerra, utilizando bombas, algumas bastante pesadas.
Para o barqueiro Renivaldo Costa, a morte dos botos deveria chamar a atenção de pesquisadores para esta região, com a finalidade de avaliar as verdadeiras causas de tantos animais estarem morrendo, uma vez que várias empresas estão instaladas no Distrito Industrial de Marabá e resíduos de algumas delas acabam sendo despejados no Rio Itacaiúnas, afluente do Rio Tocantins.
O agrônomo Juscelino Bezerra, da UFPA, que trabalha como voluntário no projeto de proteção às tartarugas nas margens do Tocantins, também se diz preocupado com a quantidade de botos que estão sendo encontrados mortos no rio. “Somos parceiros dos pescadores e ribeirinhos, não inimigos. Trabalhamos com a orientação, não com repressão”, observa, dizendo que é preciso desenvolver um trabalho amplo e específico nesta área para manter a população de botos. (Ulisses Pompeu-Correio Tocantins)




