Apontado pela Polícia Federal (PF) em um dos inquéritos da operação Monte Carlo como uma espécie de sócio do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o empresário tocantinense Rossine Aires Guimarães, 48 anos, viu uma das suas oito empresas na qual tem participação direta receber R$ 234.444.617,62 de 2008 até 2011 do governo do Estado. Os pagamentos foram feitos para a Construtora Rio Tocantins (CRT), que também tem o nome de Construtora Vale do Lontra. Rossine possui 82% das ações da empreiteira.
As planilhas de pagamentos do governo estadual com esses dados apontam que do total de pagamentos feitos à empreiteira (que presta serviços de construção conservação de estradas, além de construir moradias), a gestão do ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), em 21 meses, desembolsou R$ 74,7 milhões; nos 15 meses da administração de Carlos Henrique Gaguim (PMDB) o montante foi de R$ 140,6 milhões; e em 2011, já no governo de Siqueira Campos (PSDB), R$ 19,1 milhões foram pagos a empresa.
Sócio
Comandante da gestão que efetuou, em 15 meses, quase 60% dos pagamentos à CRT, Gaguim é sócio de Rossine na BPR Empreendimentos Imobiliários. O ex-governadorr possui 50% das ações da Espaço Participações, detentora de 25% da BPR Empreedimentos. O percentual de Rossine na BPR também é 25%. Conforme a planilha que o JTo teve acesso, entre os pagamentos do governo Gaguim à CRT está um de R$ 36,2 milhões feito no dia 31 de dezembro de 2009.
Além da BPR, a Espaço Participações, que foi criada em novembro de 2009, possui cotas em mais sete empresas, sendo seis do ramo imobiliário e um posto de combustível.
Segundo a PF, a CRT é citada em várias ligações interceptadas e que Cachoeira teria forte influência na construtora, inclusive sendo utilizada para negociar licitações favoráveis à Delta. Uma conversa, de 14 de junho de 2011, Gleyb Ferreira da Cruz, braço-direito da quadrilha, pergunta a Cachoeira se deve fechar um negócio pela Delta ou pela CRT. Cachoeira orienta que seja usada a empresa de Rossine. A PF, em um dos relatórios, descreve Rossine como um financiador de campanhas políticas e que possui diversos contratos com a administração pública. Rossine também é citado como sócio, junto com Cláudio Abreu (diretor afastado da Delta Construções) e Cachoeira, na empresa Ideal Segurança, que seria usada para lavagem de dinheiro da máfia dos caça-níqueis.
Eleições
Rossine doou, em seu nome, R$ 3,5 milhões para a campanha eleitoral no Tocantins, sendo R$ 3 milhões para Siqueira e R$ 500 mil para Gaguim. Ao mesmo tempo, a CRT também fez doações. A empreiteira aportou R$ 500 mil para a campanha de Gaguim, R$ 162 mil para a campanha do candidato a senador Marcelo Miranda (PMDB) e R$ 50 mil para o candidato a deputado federal Júnior Coimbra (PMDB). (Jornal do Tocantins)




