O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) planeja mobilizar, a partir desta semana, milhares de pessoas em vários estados do Brasil para protestar contra o atual modelo energético brasileiro e o que classificam como uma privatização da água e da energia. Nesta segunda-feira (12), em Tucuruí, os militantes locais do MAB fizeram uma passeata pelas ruas da cidade, o que exigiu alerta das autoridades de segurança, algumas temerosas de ações que interfiram no cotidiano da hidrelétrica.
A Jornada Nacional de Lutas acontece em função do Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, Pelos Rios, Pela Água e Pela Vida, nesta quarta-feira (14).
De acordo com Euvanice Furtado e Roquevam Alves, coordenadores do MAB no município de Tucuruí, desde 2005 que o movimento vem lutando, promovendo protestos, passeatas e ocupações tentando negociar com a empresa Eletronorte, e até hoje não se tem nada de concreto a respeito da pauta de reivindicações proposta.
Eles dizem que o governo Federal já se posicionou politicamente reconhecendo a existência de uma dívida pública com os atingidos por barragens, mas, segundo Euvanice, quando chega a vez das estatais colocarem em prática a solução dos problemas que afetam os atingidos, nada é concretizado.
Eles apontam, ainda, que a construção das eclusas na barragem de Tucuruí, no Rio Tocantins, causou prejuízo para 325 pescadores que deixaram de exercer sua profissão e passaram a criar peixes em um projeto feito para eles pela empresa. Até nisso, deuncia o MAB, a empresa teria abandonado o projeto, deixando os pescadores no prejuízo. “É inadmissível que a Eletronorte, uma empresa que gera energia não tenha 10 metros de fio para levar até o projeto Ipirá”, diz a coordenadora.
Do governo do Pará, o movimento cobra continuidade ao programa Cheque Moradia que prevê o atendimento de 7 mil famílias de Tucuruí, Breu Branco e Baião. Do Ministério das Cidades é reivindicada moradia para atender as famílias atingidas pela UHE de Tucuruí.
A coordenação nacional do MAB deverá reunir-se com integrantes do Ministério das Minas e Energia em Brasília nesta terça-feira (13) para negociar a pauta de reivindicações, que tem nada menos que 43 itens. O MAB nacional estima que 1,3 milhão de pessoas tenham sido prejudicadas pela construção de barragens e hidrelétricas brasileiras nos últimos 30 anos. (Correio Tocantins/Marcos Pereira – freelancer)
