Ao projetar as eleições deste ano, o governador Carlos Gaguim (PMDB) prevê que o seu grupo político terá 15 partidos e ganhará o pleito quase com hegemonia total, elegendo 22 deputados estaduais, dois senadores, sete deputados federais, além do comando do Palácio Araguaia. Ele negou que a sua administração esteja pautada por ações eleitoreiras e chegou a dizer que os oposicionistas estão desesperados. No campo administrativo, Gaguim acredita ser possível obter a liberação dos empréstimos internacionais de mais de R$ 450 milhões bem antes de junho. Além disso, o governador ressaltou que o cronograma de ações do Estado para este ano prevê 500 obras.
Governador, qual é a avaliação que o senhor faz desse seu período de governo em 2009 e quais sãos as perspectivas para 2010?
Nós avaliarmos o nosso próprio governo é difícil, mas posso dizer que estamos fazendo o máximo para conseguirmos administrar o Estado com muita transparência, conseguimos fechar o ano pagando muitas pendências, muitas dívidas, conseguimos, junto com o nosso secretariado, organizar as secretarias e arrumamos as pendências jurídicas. Em Brasília, através da Bancada Federal e do nosso trabalho lá, fomos o Estado que mais conseguiu empenhar recursos, mais do que todos. Visitamos todos os ministros desse País. Teve ministro, como a ministra Dilma (Dilma Rousseff, da Casa Civil), que falei com ela cinco vezes. Nossa viagem representando o Tocantins e a Região Norte, em Copenhague, nossa viagem para Índia, para os Estados Unidos, para os Emirados Árabes… Bem, no meu modo de pensar, estou fazendo a minha parte, estou contribuindo para o Estado, o que é minha obrigação como governante e fechamos o ano votando todas as matérias de governo, fechamos o ano fazendo um planejamento. No próximo ano vamos estar lançando quase 500 obras, nós conseguimos manter a folha de pagamento, conseguimos dar o aumento, pagar esse aumento e se Deus quiser, no próximo ano, estaremos conseguindo pagar todos os compromissos e fazendo a diferença em relação aos os outros estados. O Tocantins, com o apoio que tenho tido do presidente Lula, da Assembleia Legislativa, prefeito, vereadores, bancada federal e os nossos secretários que estão trabalhando 24 horas… A nossa equipe de governo não descansou e não teve folga de um dia sequer. Nós trabalhamos, se for somar o trabalho feito nesses quatros meses (três meses e mais o mês do período de interinidade), em horas trabalhadas vai chegar a quase um ano de trabalho. Essa é diferença que nós implantamos com esse ritmo acelerado. A aceleração é montar todos os projetos, nós aceleramos no planejamento, na estratégia de desenvolvimento, e aceleramos no enxugamento do gasto público. A partir de 2010 vamos estar efetivamente lançando as obras de interesse do povo do Tocantins. Como presidente da Assembleia, experiência que tive, percorrendo todo o Estado, fazendo a Assembleia Participativa, ouvindo todo o segmento da sociedade, me deu essa qualificação e esse conhecimento de estar sabendo o que cada região precisa. Eu sei o que cada região precisa. Nesse sentido, digo que não pude fazer tido aquilo que queria porque fiquei esses três, quatro meses planejando, traçando um norte, uma linha de administração, tentando buscar empréstimos internacionais, empréstimos dentro do País e fazendo as parcerias corretas para dar incentivo ao nosso povo.
Governador, como irá fechar o balanço financeiro de 2009?
Só para você ter uma ideia, nós conseguimos R$ 173 milhões, estamos conseguindo mais R$ 60 milhões e tem mais R$ 458 milhões que está praticamente empenhado para poder aplicar no Estado. Todos esses são financiamentos.
Mas governador, os R$ 458 milhões não serão liberados só em junho?
A gente quer liberar antes. Temos de terminar as obras que estão iniciadas, acertar as pendências jurídicas e acertar as pendências de orçamento. Acertando isso esse dinheiro entra.
E as contas, estão fechando bem?
Nós vamos chegar com uma economia de mais de R$ 100 milhões, que o usei para pagar o pequeno e micro-empresário. Deu mais de 3 mil fornecedores que estão recebendo. Lógico que vai ficar dívida para o Estado. Mas nesses quatro meses, da gestão Gaguim, não ficou nenhuma dívida.
A oposição acusa o senhor de ter projetos que visam a eleição de 2010. Como o senhor avalia essa acusação?
Eu não vejo nenhum projeto eleitoreiro. Tudo que a gente faz tem projeto. Os Pioneiros Mirins nós fizemos uma fundação, a Tocantingás será uma empresa de gás no Estado, para cortar o Tocantins todo, ter o gasoduto, para o taxi andar mais barato, investimento de milhões. O Nota na Mão é para tirar os fiscais da porta do cidadão, para arrecadar mais. Então eu não vejo isso. Eles estão é desesperados. As nossas ações são baseadas em projetos, pois nós não trabalhamos em cima do eu acho, de campanha eleitoreira. A minha meta é governar esse estado. Não falo em eleição, falo é em trabalho.
E o aumento no orçamento do Dertins, que em 2010 tem previsão de mais de R$ 500 milhões, tem relação com a eleição?
Não tem aumento. Orçamento é uma perspectiva de ter esse dinheiro. Eu fiz aquilo ali porque temos hoje 15 cidades sem ligação com asfalto no Tocantins. Quando eu assumi o governo foram lançadas mais de dez obras importantes. Como eu não vou fazer uma obra ligando Xambioá à Fábrica de Cimento, Palmas a Lizarda e Miracema a Lajeado?. São as contrapartidas, já que eu paguei os projetos e esse dinheiro é para pagar as contrapartidas. Eu tenho que fazer dois hospitais – um em Gurupi e outro em Araguaína – e a contrapartida é quase R$ 70 milhões. Temos que fazer as estradas que lançamos de Palmas a Barrolândia, de Novo Acordo a São Félix, que só essa vai custar mais de R$ 200 milhões. Inclusive é uma região com menor densidade eleitoral, pois Mateiros de 2 mil eleitores. Mas se eles estão achando que fazer obra para o Estado é ação eleitoreira eles estão vivendo em outro País, não no Brasil.
O senhor disse que a oposição está desesperada. A provável união do PSDB com o DEM para 2010 é uma demonstração disso? Como o senhor avalia essa reconciliação?
Ótimo. Ótimo para os dois. O povo sabe o que o Siqueira (ex-governador Siqueira Campos, do PSDB) falou da Kátia (senadora Kátia Abreu, do DEM) e o que a Kátia falou do Siqueira. Então ótimo, não tenho nada a declarar.
O senhor está ironizando a aliança?
Não, eu acho ótimo, para o governo essa dobradinha é boa. Quero que eles sejam felizes. Se você acompanhou as eleições passadas e pega o que um falava do outro, aí você terá a percepção.
O presidente estadual do PT, Donizeti Nogueira, afirmou que falta centralidade no seu governo, com a gestão ainda muito na euforia. Ele disse esperar que a administração comece a deslanchar no começo de 2010. Como o senhor avalia essas declarações?
Concordo plenamente com ele. Nós estamos planejando. Sobre a euforia da vitória, a melhor coisa do mundo é viver da euforia da vitória na Assembleia. A Assembleia votou e aprovou todos os nossos projetos, de cunho social e empresarial de grande importância. É uma euforia que dá resultado. O duro é se eu estivesse aqui chorando. Eu não sou candidato ao governo, nunca falei que sou candidato, o candidato que tenho pedido voto é o senador João Ribeiro (PR) e o nosso nome já aparece. Então, as palavras do presidente do PT, como de todos os líderes que a gente respeita, eu recebo com muita naturalidade, mas você ter certeza que as ações do governo serão percebidas quando estivermos lançando o nosso projeto de um ano.
Governador, o senhor garante que não será candidato?
Eu não tenho que dar essa garantia. Eu tenho que dar a garantia que vou trabalhar mais do que outro cidadão nesse País e nesse estado. A garantia é essa. Agora garanto que o governo vai ter o seu candidato e o seu candidato vai ganhar a eleição, eu tenho certeza. Não sei quem será esse candidato, mas que vai ganhar a eleição, não tenho dúvida.
O senhor ainda aposta no senador João Ribeiro?
O nome do senador João Ribeiro é um companheiro que pode disputar o governo do Estado, assim como do prefeito Raul (prefeito de Palmas, Raul Filho do PT) e do candidato do PMDB que for apresentado. O nome que nós apresentarmos, junto com o presidente Lula, pode ganhar o governo do Estado. Nós temos aqui pesquisa qualitativa e quantitativa, temos a radiografia do Estado, sabemos o que o cidadão precisa. E as pesquisas indicam que o governo, falando a verdade para o eleitor, falando a verdade para o empresariado, falando a verdade para a criança e para o idoso não tenho dúvida de que seremos vitoriosos. Eles não vão conseguir fazer nem chapa.
Como o senhor vê o posicionamento do presidente do seu partido, deputado federal Osvaldo Reis, de defender o seu nome como candidato a governador?
Essa é a posição do deputado. Eu respeito. Mas agora eu te passo em primeira mão, vai ter uma reunião dia 13, com representantes dos 15 partidos que participam da base do governo. Serão convidados o PT, PR, PTB, PV, PMDB, PPS, PDT, PSB, PSL, PRTB, PTdoB, PCdoB e PSC. No total serão 15 partidos (ele citou só treze legendas). Pode ter certeza de que todos esses partidos estarão unidos na eleição.
Então o senhor não acredita na projeção de três candidatos, feitas pelo presidente do PT?
Não. Vai ter o candidato do Serra e o candidato do Lula e, por sorte nossa, o nosso presidente Lula tem 94% de aprovação no Estado. Falo para você que esse grupo consegue fazer três chapas para deputado estadual. Consegue fazer três chapas para deputado federal. O outro grupo não consegue fazer uma chapa para deputado federal. Com o nosso grupo, vamos os dois senadores, sete deputados federais, o governador e 22 deputados estaduais.
Governador, qual a mensagem o senhor deixa para os tocantinenses nesse início de ano?
O tocantinense pode ter certeza que vamos trabalhar como jamais ninguém trabalhou nesse estado, não desmerecendo os outros governantes, porque o próximo governador terá de trabalhar muito mais do que eu, mas eu vou trabalhar muito. Estamos preparados. Para os investimentos, já alocamos dinheiro. Estamos fazendo projetos para fazer convênios com os prefeitos e com o empresariado. Mas, em momento algum, vamos utilizar a máquina do governo para captar votos. É lógico que o governo vai fazer as obras. Quero dizer ao povo, também, que não fui votado para ser governador, mas Deus e a Assembleia me deram essa oportunidade. A minha responsabilidade aumento dez vezes mais e é por isso que vou trabalhar dez vezes mais para mostrar para a sociedade. (Daniel Machado – JT)




