A segunda turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para validar o retorno de Wanderlei Barbosa ao comando do Executivo tocantinense, em decisão que reacende o debate sobre limites, timing e efeitos políticos de medidas judiciais em ano pré-eleitoral. O julgamento, realizado de forma virtual, já conta com votos favoráveis do relator Nunes Marques, além de André Mendonça e Luiz Fux, enquanto Dias Toffoli e Gilmar Mendes ainda devem se manifestar até esta quinta-feira (11), às 23h59.
A liminar que recolocou Wanderlei no cargo, concedida na última sexta-feira (5), passou a ser analisada colegiadamente após três meses de afastamento determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no contexto da Operação Fames-19, que investiga suspeitas de desvio de recursos destinados à pandemia. Embora o processo tramite sob sigilo, o posicionamento dos ministros e a sustentação oral da defesa são públicos, o que tem alimentado questionamentos sobre transparência e coerência entre decisões monocráticas e colegiadas em casos sensíveis envolvendo chefes de Executivo.
Na decisão liminar, Nunes Marques argumentou que o afastamento prolongado de um governador exige fundamentação sólida e indícios contemporâneos às acusações, elementos que, segundo ele, não estariam presentes. O ministro destacou ainda o impacto institucional da medida às vésperas de um ciclo eleitoral. A Procuradoria-Geral da República, por outro lado, manifestou-se contra a suspensão do afastamento, criando um contraponto que aprofunda o debate sobre o equilíbrio entre cautela judicial e estabilidade administrativa.
Com o retorno imediato ao Palácio Araguaia, Wanderlei exonerou o primeiro escalão nomeado pelo vice-governador Laurez Moreira durante sua ausência e reorganizou cargos estratégicos com aliados próximos. A reviravolta política em meio ao julgamento ainda em andamento gera dúvidas e pressões públicas: até que ponto decisões judiciais moldam o cenário institucional do Estado e como garantir que a retomada do poder não anteceda respostas completas às investigações? A definição final da segunda turma definirá não apenas o status do governador, mas também o tom das disputas e da governabilidade nos próximos meses.




