Os dados de deslocamentos oficiais do prefeito Aquiles da Areia (PP) ao longo de 2025 revelam um volume significativo de despesas com diárias e viagens pagas pelos cofres municipais. Somando todos os registros, foram R$ 68.970,00 gastos em deslocamentos no período analisado. Embora viagens institucionais sejam parte da rotina de qualquer gestor, a frequência, os valores aplicados e os destinos escolhidos levantam questionamentos sobre planejamento, transparência e proporcionalidade — especialmente em um município onde demandas urgentes continuam sem solução definitiva.

Palmas, a capital do Tocantins, concentra, de longe, a maior fatia das despesas: R$ 52.120,00. Já Brasília aparece como o segundo destino mais frequente, consumindo R$ 15.050,00 do orçamento municipal. Belém-PA, por sua vez, registra R$ 1.800,00. A concentração dos gastos em duas capitais sugere um padrão de deslocamentos que merece atenção: afinal, quantas dessas viagens geraram retornos concretos para Araguatins? E quanto custaria realizar parte dessas agendas virtualmente, como já é comum em diversos órgãos públicos?

Outro ponto que chama atenção é o comportamento mensal dos gastos. Maio aparece como o mês mais oneroso, com R$ 13.000,00 em viagens — valor quase três vezes superior ao registrado nos meses de fevereiro e abril, por exemplo. Julho, agosto e setembro também apresentam picos relevantes. A variação brusca entre um mês e outro reforça a necessidade de esclarecer o que motivou deslocamentos mais volumosos em determinados períodos e quais resultados efetivos foram alcançados.
Fora esses valores extra, Aquile já recebe um salário de R$ 20.317,84. Nas viagens, ele ainda não gasta com veículos, combustível, motorista e outros.
Se por um lado a gestão pode argumentar que as viagens são indispensáveis para garantir convênios, liberar recursos e buscar parcerias — práticas comuns entre prefeitos de municípios pequenos — por outro, a população tem o direito de saber, com clareza, quais benefícios concretos cada deslocamento trouxe. Não basta registrar a viagem: é preciso demonstrar retorno. Sem isso, os números ficam expostos ao risco de interpretações negativas, alimentando a percepção de que a máquina pública financia deslocamentos cuja efetividade é difícil de comprovar.
Diante do cenário, surge um debate inevitável: há controle, critérios e justificativas transparentes para esses gastos? Existe divulgação sistemática dos resultados de cada viagem? O município disponibiliza relatórios ou presta contas das agendas realizadas? Em tempos de comunicação imediata e cobrança por gestão responsável, a falta de informações detalhadas acaba se tornando, por si só, um fator de preocupação.
O gasto total pode não ser elevado quando comparado a grandes prefeituras, mas, para Araguatins — que enfrenta desafios históricos em áreas como saúde, infraestrutura urbana, abastecimento de água e estradas — qualquer recurso público precisa ser tratado como prioridade absoluta. E isso inclui explicar, com clareza, para onde o dinheiro está indo e o que está voltando.




