
A nova reforma administrativa anunciada pelo prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (PODE), promete reduzir custos e otimizar a máquina pública, mas também levanta questionamentos sobre sua efetividade e os efeitos práticos das mudanças. Publicada no Diário Oficial na última terça-feira (14), a Medida Provisória nº 10/2025 prevê a fusão de secretarias, corte de cargos comissionados e extinção de gratificações, com a estimativa de gerar economia anual de cerca de R$ 20 milhões aos cofres municipais.
Apesar do discurso de austeridade, especialistas e servidores questionam se a redução estrutural, concentrando várias áreas sob o comando de uma única secretaria, pode afetar a eficiência administrativa e o atendimento à população. A fusão de pastas com funções distintas, como Infraestrutura e Habitação ou Ação Social e Mulher, desperta dúvidas sobre a capacidade técnica das novas estruturas em lidar com demandas específicas e complexas. “Fusão nem sempre significa economia. Em alguns casos, pode gerar sobrecarga, perda de foco e lentidão nas entregas”, comenta um analista ouvido pela reportagem.
Outro ponto que chama atenção é o caráter político da reforma. Embora o discurso oficial enfatize a redução de gastos, os nomes que permanecem no comando das novas secretarias são, em sua maioria, os mesmos que já ocupavam cargos estratégicos. A criação da Secretaria de Turismo, Juventude e Esportes, por exemplo, substitui fundações extintas e amplia atribuições, mas não representa necessariamente uma redução de estrutura, podendo inclusive gerar novos custos de adaptação administrativa e logística.
Ao justificar as medidas, o prefeito afirmou que busca “garantir que Palmas não entre em déficit orçamentário”, atribuindo a decisão à queda nos repasses do FPM e às dívidas herdadas. No entanto, a ausência de um plano detalhado de acompanhamento da economia e a falta de transparência sobre o impacto nas políticas públicas geram dúvidas sobre o alcance real da contenção de despesas. A promessa é de uma gestão mais leve e eficiente, mas os próximos meses dirão se o enxugamento da máquina significará, de fato, mais economia ou apenas uma reconfiguração política da estrutura municipal.




