
A empresária Juliana Brandão, proprietária de um dos restaurantes mais frequentados de Araguatins, acusa a Prefeitura de perseguição administrativa após a suspensão inesperada de um contrato de fornecimento de refeições firmado com a gestão municipal. Segundo ela, a empresa Santos e Chaves LTDA, da qual é ligada, venceu uma licitação no valor de quase R$ 382 mil para atender diversas secretarias, incluindo Administração, Agricultura, Educação e Infraestrutura.
Juliana afirma que vinha cumprindo regularmente o contrato, sem qualquer notificação de irregularidade, até que, há duas semanas, foi surpreendida com a interrupção do serviço sem aviso prévio. Ao buscar explicações diretamente com o prefeito Aquiles da Areia (PP), a empresária relatou ter sido ignorada. Procurando então o secretário de Infraestrutura, Jessé Lima da Silva — genro do prefeito e figura de forte influência na gestão —, recebeu como justificativa a suposta má qualidade das refeições. A empresária rebate, alegando jamais ter recebido críticas formais ou registros que indicassem insatisfação da Prefeitura.
A empresária afirmou que depois, descobriu, que o motivo, seria um suposto favorecimento a um aparente da primeira-dama, Ivonete Monteiro da Silva, que teria deixado de fornecer refeições a empresa Gazin, e para suprir a perda, Aquiles teria mandado suspender os serviços de Juliana, e repassado para a parente. Tudo sem licitação, garante a empresária.
As denúncias levantam questionamentos sérios sobre os procedimentos adotados pela gestão municipal. A Prefeitura respeitou o rito previsto em lei para suspender unilateralmente um contrato público? Houve abertura de processo administrativo com direito de defesa, como determinam a Lei 8.666/93 e a Lei 14.133/21? Se existiam falhas na execução contratual, por que não foram registradas oficialmente antes da suspensão? E mais: até que ponto a proximidade de secretários ligados por laços familiares ao prefeito pode estar influenciando decisões que envolvem vultosos recursos públicos?
O episódio reforça a necessidade de transparência, controle e fiscalização no uso do dinheiro público em Araguatins. Sem explicações claras e documentadas, a narrativa de perseguição ganha força, especialmente porque se trata de uma empresária conhecida na cidade. A Prefeitura deve não apenas apresentar as razões formais da decisão, mas também comprovar que agiu de acordo com a lei e em defesa do interesse coletivo — caso contrário, ficará a impressão de que contratos e licitações no município podem ser guiados por critérios pessoais ou políticos, e não técnicos.




