A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira, a segunda fase da Operação Fames-19, que apura um suposto esquema de desvio de recursos públicos durante a pandemia de Covid-19 no Tocantins. Mais de 200 agentes estão em campo para cumprir 51 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, em locais estratégicos como o Palácio Araguaia e a Assembleia Legislativa. O governo do Estado, até o momento, não se manifestou sobre a operação.
Segundo a PF, as investigações tramitam sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e já apontam “fortes indícios” de que agentes públicos e empresários se aproveitaram do estado de emergência em saúde para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas. O período investigado compreende os anos de 2020 e 2021, auge da crise sanitária no país.
De acordo com os levantamentos, os contratos somaram mais de R$ 97 milhões, envolvendo cestas básicas e frangos congelados, mas o prejuízo estimado aos cofres públicos ultrapassa R$ 73 milhões. A suspeita é de que os valores tenham sido desviados e posteriormente ocultados por meio da compra de gado, pagamento de despesas pessoais e até investimentos em empreendimentos de luxo.
A ação desta quarta-feira busca consolidar provas sobre o suposto recebimento de vantagens indevidas por parte de agentes públicos e a utilização de emendas parlamentares para alimentar o esquema. A PF ressalta que as medidas visam aprofundar a coleta de informações e dar robustez ao processo investigativo.
Com a nova fase da operação, cresce a expectativa sobre os desdobramentos políticos e jurídicos do caso, que pode envolver figuras de destaque da administração estadual e do legislativo tocantinense. O impacto da investigação deve gerar forte repercussão na cena política local, uma vez que atinge diretamente a gestão de recursos destinados a ações emergenciais durante a pandemia.
