
A imagem do Congresso Nacional voltou a sofrer um duro golpe. Levantamento do Datafolha revela que a reprovação ao trabalho de deputados e senadores cresceu e que a percepção de autoproteção política permanece altíssima: 78% dos brasileiros acreditam que os congressistas agem mais em benefício próprio do que da população. Apenas 18% discordam dessa visão. A pesquisa, realizada nos dias 29 e 30 de julho, entrevistou 2.004 pessoas em 130 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais.
O cenário atual repete o patamar negativo do fim de 2023: 35% avaliam como ruim ou péssimo o desempenho do Legislativo, contra 18% que consideram ótimo ou bom. Em março de 2023, a avaliação havia melhorado, com índices de aprovação e reprovação praticamente empatados. A queda coincide com o desgaste provocado por campanhas nas redes sociais — impulsionadas por petistas e aliados do governo — que retratam deputados e senadores como defensores de privilégios, especialmente após a suspensão do pacote de aumento de impostos proposto pelo presidente Lula.
A pesquisa também mostra que 73% da população acredita que o Congresso trata melhor os ricos do que os pobres. Essa visão é compartilhada por 71% dos eleitores de Lula e sobe para 83% entre os simpatizantes de Jair Bolsonaro. No recorte de avaliação de desempenho, lulistas se dividem entre reprovação (28%) e aprovação (26%), enquanto bolsonaristas rejeitam maciçamente (38% contra 14% de aprovação). Entre os mais informados sobre medidas econômicas e decisões políticas recentes, a reprovação chega a 48%, contra 20% entre os que declaram desconhecer o assunto.
Desde o início das pesquisas nos anos 1990, a aprovação ao Congresso raramente superou 25%. O recorde positivo foi no fim de 2010, último ano do segundo mandato de Lula, e o ápice da rejeição ocorreu em novembro de 2017, com 60% de avaliação negativa — logo após a Câmara barrar, pela segunda vez, a denúncia contra o então presidente Michel Temer. Os novos números do Datafolha reforçam um histórico de desconfiança popular e colocam mais pressão sobre a relação entre representantes eleitos e sociedade.




