
O Tocantins vive um momento de alerta extremo em relação às queimadas. Entre os dias 17 e 23 de julho, o estado registrou 478 focos de incêndio em 53 municípios, segundo a 46ª edição do Boletim Clima e Fogo, divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). O cenário é agravado pelas condições climáticas adversas, com baixa umidade — variando entre 16,4% e 24,6% — e temperaturas que chegaram a 37,4°C, favorecendo a propagação do fogo.
Do total de focos, 43,3% referem-se à queima prescrita, prática legal usada em manejo ambiental. No entanto, 30,1% são incêndios florestais e 18,2% resultam de queimas não autorizadas, revelando que o uso indevido do fogo ainda é uma realidade preocupante. Municípios como Formoso do Araguaia (79 focos), Lagoa da Confusão (78) e Pium (45) lideram os registros, o que coloca em xeque a eficácia das ações preventivas e de fiscalização, especialmente em áreas sensíveis como o Jalapão.
Apesar do aumento significativo nas ocorrências — foram 126 focos a mais do que na semana anterior —, a qualidade do ar em Palmas permaneceu dentro dos padrões aceitáveis, conforme medições da estação de monitoramento do MPTO. No entanto, a ausência de impactos imediatos na capital não deve mascarar os riscos que a expansão do fogo representa para comunidades rurais, unidades de conservação e infraestrutura pública.
O secretário Marcello Lelis reforçou o pedido de colaboração da população, mas o quadro atual sugere que só a conscientização não basta. Diante do aumento constante dos focos e do avanço das queimadas, impõe-se uma análise mais crítica sobre a efetividade das políticas de prevenção, a estrutura de combate e o cumprimento da legislação ambiental no estado.




