
No último sábado, 5, um episódio inusitado acendeu o alerta sobre a eficácia do recém-implantado sistema de pedágio urbano em Tocantinópolis, no Bico do Papagaio. Um caminhoneiro, não identificado, ignorou completamente a cobrança da Taxa de Manutenção Viária (TMV), atravessando a barreira instalada na rodovia TO-126 sem parar e passando por cima das cancelas de delimitação. A cena foi registrada por um dos fiscais presentes no local.
A atitude do motorista, além de configurar infração administrativa, reacende o debate sobre os desafios práticos e legais da TMV, que entrou em vigor no último dia 12 de maio, conforme previsto pela Lei Municipal nº 1.208/2025. A cobrança impõe uma taxa de R$ 50,00 para caminhões, carretas e ônibus com mais de 14 metros de comprimento, três ou mais eixos e peso superior a 14 toneladas que circulem no perímetro urbano da cidade.
Segundo a Prefeitura de Tocantinópolis, a medida tem como objetivo reduzir os danos causados por veículos pesados nas vias urbanas, especialmente em função das obras da ponte Juscelino Kubitschek, na BR-226. A arrecadação, conforme promessa da gestão Fabion Gomes (PL), seria direcionada a melhorias na pavimentação, drenagem urbana e até na reparação de residências afetadas pelo tráfego intenso.
Apesar disso, o episódio do último sábado é o primeiro registrado de desobediência direta à cobrança e expõe uma lacuna na fiscalização: mesmo com a previsão de barreiras, sistemas eletrônicos e penalidades que vão de multa de até R$ 5 mil à inclusão em dívida ativa, ainda não há clareza sobre como serão aplicadas as sanções em casos como este.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Prefeitura não se manifestou sobre o paradeiro do motorista, o estado do veículo após a colisão com as cancelas, nem sobre eventuais medidas administrativas que serão tomadas.
A TMV já vem sendo alvo de críticas por parte de empresas de transporte e setores produtivos da região, que questionam o impacto econômico e a legalidade da cobrança municipal sobre rodovia estadual. Ainda sem um plano público de execução das obras prometidas com os recursos arrecadados, a gestão municipal enfrenta o desafio de equilibrar arrecadação, fiscalização eficiente e a transparência necessária para justificar a medida.
Enquanto isso, o caso deste sábado serve como termômetro do grau de aceitação – ou resistência – à nova taxa e lança dúvidas sobre sua capacidade de se manter funcional a longo prazo.