
Com o objetivo de fortalecer o enfrentamento ao desaparecimento de pessoas no Tocantins, o Ministério Público Estadual (MPTO) realizou, nesta segunda-feira (7), uma reunião com representantes da cúpula da Segurança Pública. O encontro teve como ponto de partida o alto número de registros em 2023: foram 589 casos em todo o estado, sendo 219 apenas na capital, Palmas — o que representa, em média, um desaparecimento a cada dois dias na cidade.
A reunião foi conduzida pela promotora de Justiça Cynthia Assis de Paula, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, da Cidadania, dos Direitos Humanos e da Mulher (Caoccid), e contou com a presença do secretário estadual de Segurança Pública, Bruno Azevedo, além de representantes da Polinter e da Polícia Civil. A promotora destacou que a complexidade do fenômeno exige respostas articuladas e criticou a ausência de protocolos definidos, a escassez de recursos humanos e a fragilidade da rede de colaboração entre os órgãos.
Durante a discussão, Cynthia alertou que a sobrecarga da Delegacia de Desaparecidos compromete o atendimento às ocorrências e apontou a urgência de medidas práticas. “A pessoa desaparecida hoje pode ser a vítima de um crime grave amanhã. É fundamental construir um fluxo de atendimento eficiente e integrado”, afirmou. Ela também relacionou a vulnerabilidade nas ruas à falha de políticas de assistência, sobretudo na saúde pública.
Como encaminhamento, foi definida a realização de novos encontros em agosto, com a participação de outras instituições estratégicas, como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e secretarias estaduais e municipais de Saúde e Assistência Social. A proposta é avançar na criação de um fluxo operacional conjunto. Embora o secretário Bruno Azevedo tenha citado a previsão de um novo concurso para a Polícia Civil, com nomeações apenas em 2027, a promotora reforçou que soluções imediatas precisam ser adotadas para lidar com a gravidade do problema.