A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) confirmou na quarta-feira (22) que o resultado do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina, doença conhecida como mal da “vaca louca”, deu positivo. Com a confirmação, o Ministério da Agricultura suspendeu temporariamente a exportação de carne para a China.
Segundo a Adepará, o caso ocorreu em uma pequena localidade em Marabá, na região de Carajás, que tem 160 cabeças de gado.
O local já foi isolado e a propriedade foi inspecionada e interditada preventivamente, informou a Agência.
O governo do Pará informou que a “sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano”.
Para confirmar esta situação de isolamento e controle, “amostras foram enviadas para laboratório no Canadá para tipificação do agente, se clássica ou atípica”.
De acordo com o governo, o assunto é a tratado com transparência e responsabilidade, por meio de contato permanente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Investigação e últimos casos
Nesta última segunda-feira (20), o Mapa informou que investigava um caso suspeito de Encagalopatia Espongiforme Bovina e que “todas as medidas estavam sendo adotadas pelos governos”.
As ocorrências mais recentes de mal da “vaca louca” foram confirmadas em setembro de 2021 pelo Ministério. Tinham sido casos em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).
Naquele ano, os dois casos confirmados foram detectados em vacas de descarte que apresentavam idade avançada.
À época, após a confirmação, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) foi notificada oficialmente.
No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina chegaram a ser suspensas temporariamente.
Em 2019, um caso caso atípico de vaca louca também foi registrado em um animal em Mato Grosso. Segundo o órgão, tratava-se de uma vaca de 17 anos, que foi abatida.
No caso atípico de vaca louca, que ocorre de forma esporádica e espontânea, principalmente em animais mais velhos, não há relação com a ingestão pelos animais de ração contaminada.
No caso clássico, a doença é transmitida por ração contaminada , por ter sido elaborada com produtos obtidos de animais infectados. O Brasil não registra casos desse tipo há mais de 20 anos.
Sindicato
O Sindicato da Carne e Derivados do Pará (Sindicarne), um dos sindicatos filiados à FIEPA, reconhece que o auto embargo do Brasil afeta a exportação de carne bovina, no entanto, é uma prova de que o protocolo sanitário no país é seguido à risca, garantindo assim a confiabilidade do produto brasileiro. Em entrevista nesta quinta-feira (23/02), o presidente do sindicato, Daniel Freire, elogiou a atuação rápida da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), que agiu com transparência ao divulgar o caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), popularmente conhecida como doença da vaca louca, registrado em uma pequena propriedade no Pará.
O presidente do Sindicato destacou que este caso está sendo considerado atípico, ou seja, surgiu de uma forma espontânea no próprio animal e sem riscos à saúde pública. “Houve transparência da Agência, como manda a regra. E mais, esse animal foi detectado em uma propriedade, da porteira para dentro, nem sequer chegou a uma indústria frigorífica. Ou seja, a Adepará neutralizou qualquer risco iminente, mesmo que extremamente improvável, devido aos critérios sanitários aplicados no Brasil”, explicou Daniel.
De acordo com ele, a indústria da carne do Pará espera otimista por um desfecho que provará que o Brasil e o Estado têm controle total da sua produção agropecuária. “A gente queria tranquilizar a população em geral que não há nenhum risco de consumir carne. O produto que está circulando no mercado paraense é 100% saudável. O Brasil tem um regulamento de inspeção federal, estadual e municipal de origem animal muito estrito e muito bem aplicado”, destacou.
Ao longo de 20 anos o Estado do Pará já exportou muitos animais, sem nenhum incidente sanitário. “O Brasil nunca teve um caso de ‘mal da vaca louca’ clássico, que é aquele transmissível aos animais e ao ser humano. Pelo tamanho do Brasil haveria um risco enorme, mas o modo como esse gado é criado torna o País totalmente isento da transmissão. Quando ela ocorreu no Reino Unido, foi exatamente por animais alimentados com ração composta por restos de outros animais, o que no Brasil é proibido”, lembrou Francisco Victer, presidente da Aliança Paraense pela Carne, que congrega indústria, varejo e produtores.
Outra questão colocada pelas entidades representantes do setor é de que no país a indústria da carne tem um auditor fiscal federal na própria unidade operacional, acompanhando todos os animais, antes e depois do abate, o que representa uma fiscalização constante, que não deixaria passar um caso de animal doente.
“As indústrias exportadoras pararam a produção porque o Brasil se auto embarga em um caso suspeito. Mas isso é uma demonstração de clareza, de responsabilidade e de profissionalismo, porque cumpre um protocolo, que diz que, em caso de suspeita, é necessário aguardar o teste final. Isso causa uma diminuição momentânea na produção e na exportação, mas estamos confiantes em um resultado positivo e que a Organização Internacional de Epizootias vai manter o risco do Brasil como desprezível”, afirmou Daniel Freire. Segundo ele, o setor aguarda a contraprova de um laboratório independente do Canadá que recebeu o material enviado pelo Ministério da Agricultura.
1. Não é um caso suspeito. Deu positivo o exame realizado.
2. Com a suspensão da exportação pra China, a oferta doméstica de carne bovina irá aumentar.
3. Lei da oferta e da procura: com mais produtos no mercado, os preços tendem a cair.
Resultado: pode descer a CERVEJA porque a PICANHA já vai baixar de preço.