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quarta-feira, dezembro 17, 2025
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CURIONÓPOLIS: Asfalto e reforma de escola melhoram qualidade de vida em Serra Pelada

PARÁ

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Aos poucos, a paisagem de Serra Pelada – que já foi o maior garimpo a céu aberto do planeta e hoje é distrito de Curionópolis, município do sudeste paraense – começa a se modificar. A poeira intensa, típica de estradas de chão, vai paulatinamente dando lugar à camada de asfalto, que pela primeira vez chega a Curiónópolis, conhecido mundialmente pela corrida do ouro e pelo formigueiro humano nos anos 1980, eternizado pelo olhar do fotógrafo Sebastião Salgado.

O ouro não é mais explorado na região, mas Serra Pelada ainda é uma cidade de garimpeiros. São eles que residem e povoam as ruas, que parecem ter parado no tempo. Foram esses trabalhadores que fizeram a localidade crescer, que formaram famílias e criaram filhos nascidos no local, fincando raízes, criando identidade, sonhando com a volta da exploração do ouro, cada vez mais distante. Mas até esse cenário vem se transformando.

Maria Mauricélia dos Santos, filha de garimpeira, é um exemplo dessa mudança. Com 24 anos, nascida e criada em Serra Pelada (ela voltou para a cidade após uma temporada no Piauí, onde estudou), Mauricélia acredita que a cidade tem um futuro promissor, mas não no garimpo. “O garimpo faz parte da nossa história, não do nosso futuro. O trabalho que podemos fazer aqui é a nossa riqueza de verdade”, disse.

Ainda sem emprego fixo, ela trabalha como voluntária em uma Igreja Evangélica, onde ajuda na limpeza. A pequena igreja fica em uma das ruas que está recebendo terraplanagem, etapa anterior à pavimentação, um prenúncio de que o trabalho de limpeza ficará menos pesado. “Ainda estava no Piauí quando fiquei sabendo do asfalto, mas não acreditei. Agora, vendo a obra acontecendo, é que a gente vê o desenvolvimento chegando na nossa localidade”, ressaltou.

Para Mauricélia dos Santos, o asfalto é sinônimo de saúde e urbanização. “Muita gente adoece por causa da poeira. Esse asfalto só é bênção. Vai acalmar a poeira, vai melhorar a rua, a cidade vai ficar mais bonita, e quem chegar vai elogiar. Estou feliz”, afirmou.

Confiança

A alegria também está estampada no rosto da comerciante Rosilda Vieira da Silva. Com os olhos na movimentação dos tratores na rua, onde tem um pequeno comércio, ela espera confiante pelo dia em que a limpeza do mercadinho não será sua principal preocupação. “Vai diminuir tanto o meu trabalho de limpar a poeira o dia inteiro, que nem sei o que fazer com o tempo livre que vou ganhar”, brincou Rosilda, ao contar que muitas vezes não basta tirar a poeira, é preciso lavar os produtos. “As coisas têm que mudar, têm que melhorar, não pode estagnar. E nós estamos vendo essa mudança acontecer”, declarou.

Os filhos de José Ribamar de Souza são um exemplo das mudanças vivenciadas em Serra Pelada. Os três foram estudar no município vizinho, Parauapebas, para “ganhar uma profissão”, nas palavras do pai. “É preciso estudar pra ter um emprego melhor e voltar pra cá”, disse o ex-garimpeiro e pequeno comerciante, que mora em frente à Escola Estadual de Ensino Médio Joaquina Diamantina, que está prestes a ser entregue após reforma feita pelo governo, em parceria com a Prefeitura de Curionópolis.

“É uma beleza. Faz tempo que esperávamos por isso”, disse José, que há 33 anos vive em Serra Pelada, após sair de Pedreira, cidade do Maranhão. Quem também saiu da cidade de Belágua, no Maranhão, em direção ao Pará, na década de 1980, foi Maria de Souza, vizinha de José Ribamar. Das três filhas de Maria, duas estudam em Serra Pelada, e uma está matriculada na “Joaquina Diamantina”.

“É bom demais ver essa escola bonita desse jeito. Minha filha vai estudar aí”, informou Maria de Souza, que também destacou as obras de pavimentação como sinal de desenvolvimento local – a rua onde ela mora já foi pavimentada. “O asfalto está na porta da minha casa, na porta da escola. Nunca pensei que fosse ver isso acontecer. Agora, o nosso sonho é ver a cidade toda assim”, reiterou a moradora.

“Faltam alguns detalhes para considerarmos que a escola está pronta, mas a maior parte já foi concluída”, esclareceu o diretor de Obras e Engenharia da Prefeitura de Curionópolis, Evandro Fiúza, acrescentando que a unidade escolar enfrentou problemas com as construtoras responsáveis pelas obras. “Ela sofreu várias paralisações, que inviabilizaram a conclusão das obras. A burocracia nesse setor também contribuiu para que não conseguíssemos resolver o problema. Felizmente, isso agora é passado”, frisou o diretor.

A Escola Estadual Joaquina Diamantina recebeu um investimento de R$ 220 mil para a finalização das redes elétrica e hidráulica, além de pintura, forro, cobertura, parte do piso, muro e calçada. “Foi feita uma calçada provisória. Estamos aguardando o fim da pavimentação da rua para fazermos a calçada definitiva”, informou o engenheiro Evandro Fiúza.

O asfalto passa em frente à casa de Maria das Neves, que agora pode deixar portas e janelas abertas sem se preocupar com a poeira, que sujava a fachada da casa e adentrava, sorrateira, por todos os cômodos da residência. “Agora está muito bom. A gente acabava de limpar e a poeira já estava em tudo. Agora  um sonho”, afirmou.

Agenda compartilhada

A pavimentação de vias urbanas, fruto da agenda compartilhada entre o Governo do Pará e a Prefeitura de Curionópolis, faz parte do Programa Asfalto na Cidade, e está entre os benefícios disponibilizados aos municípios que integram o Programa Municípios Sustentáveis (PMS), da Secretaria Estadual de Municípios Sustentáveis (Semsu), que trabalha, essencialmente, no fortalecimento das gestões municipais como uma das ferramentas para o desenvolvimento do Estado.

A obra recebeu investimento de R$ 1.749.270,15, para serviços em terra, sub-base e base, pavimentação em CBUQ de três centímetros de espessura, meio-fio de concreto com lâmina d´água e sinalização horizontal.

Curionópolis é um dos 99 municípios paraenses que assinaram o Termo de Asfalto, por meio da Secretaria de Municípios Sustentáveis, e 33 já iniciaram as obras. Somados, os termos vão garantir 529,6 km de pavimentação de vias urbanas – um investimento total de R$ 254.705.106,96 do Tesouro Estadual. (Dani Filgueiras)

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