Pelo menos um grupo pode virar pedra no sapato do governador Simão Jatene, que tomou posse: o dos sem terra. Eles não darão trégua ao tucano e prometem promover, a qualquer momento, as invasões no campo que tanto assustam empresários do setor rural, caso venham a se sentir ignorados pela atual gestão. “Tudo vai depender do comportamento do novo Governo”, avisa Ulisses Manassés, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Por enquanto, garante Ulisses, não existe nada programado nesse sentido. As expectativas do Movimento em relação à nova administração, porém, são bastante negativas. “A experiência do MST com os governos do PSDB não é muito boa. Eles têm um pensamento diferente do nosso com relação à agricultura. Eles priorizam os agronegócios e nós priorizamos a agricultura familiar. Mas nós vamos reagir de forma democrática”, declarou o coordenador da entidade.
De acordo com Ulisses Manassés, o MST realizará, no início deste mês, uma reunião interna para construir a pauta de reivindicações que será entregue a Simão Jatene. Entre os pleitos estão desapropriações de terra; assistência técnica e crédito para os pequenos agricultores; reforma agrária e construção de escolas no campo. “As invasões de terra são os principais meios de luta do Movimento. Nesse sentido, nós continuaremos fazendo invasões, enquanto a reforma agrária não for implementada”, diz Manassés.
Em sua página na internet, o Movimento dos sem-terra do Pará já deixa claro o desconforto que sente quando se trata do governador eleito. “Compromissos de Simão Jatene com o latifúndio impõe dificuldades à realização de reforma agrária no Pará”, diz o título de matéria publicada no site da entidade, no dia 22 de novembro. Além disso, o site nacional do MST divulgou notícia em que a presidente Dilma Rousseff comenta sobre o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, na gestão do então tucano Almir Gabriel, quando 19 trabalhadores rurais morreram em confronto com a polícia. O coordenador do Movimento afirma que os sem terra encontravam mais facilidade de se relacionar com a governadora petista Ana Júlia Carepa. “O governo era muito ruim para implementar as políticas. Mas nós tivemos muitos diálogos. Por outro lado, não tivemos nenhum reunião formal com o governo durante os 12 anos de PSDB”, afirma. (O Liberal)




