Na última reunião com o secretariado realizada na quarta-feira, 29, à noite no Palácio Araguaia, a três dias de deixar a administração estadual, o governador Carlos Gaguim (PMDB) que deve cancelar empenhos (reservas no orçamento para pagamentos) que não serão pagos até o dia 31, data em que o governador ainda espera aporte de recursos, mas sem tempo hábil para executar pagamentos.
Ao menos R$ 300 milhões em empenhos a fornecedores devem ser cancelados, já descontados da lista de empenhos os mais de R$ 160 milhões destinados à folha de pagamento que deve ser executada nesta quinta-feira, 30, o último dia para executar pagamentos dentro do Sistema de Administração Financeira dos Estados e Municípios (Siafem). Este valor pode diminuir, também, porque houve ontem, segundo o Portal da Transparência, diversos pagamentos para fornecedores da Saúde.
“Mas os outros governos também cancelaram, o Siqueira quase meio bilhão no último dia, o Marcelo Miranda, mais de R$ 400 milhões”, argumentou o governador Carlos Gaguim, ao explicar que os cancelamentos “poderão ser ‘reempenhados”. O governador ponderou, ainda que até o dia 31 espera aporte de recursos da União e do BNDES. “Vamos deixar mais de R$ 500 milhões em caixa, só na Saúde, são mais de R$ 20 milhões para compra de medicamentos”, disse, após a reunião na qual condecorou deputados estaduais, secretários, executivos de outras instituições e o presidente Lula e a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) com a Ordem do Mérito do Tocantins, entregue ao deputado Júnior Coimbra (PMDB) em nome de todos os homenageados.
O discurso do governador, após breve fala da primeira-dama, Rose Amorim, foi em tom de despedida e agradecimento aos auxiliares, mas também de queixas. Gaguim reclamou que o Estado não recebeu recursos das emendas parlamentares ao Orçamento da União destinados ao Tocantins. “Infelizmente, as emendas de bancada não entraram, nem emendas, nem recursos federais”, reclamou, calculando em entrevista depois do evento, que de R$ 1 bilhão previsto deve ter recebido pouco mais de R$ 10 milhões. No discurso, governador ressaltou que foi o esforço da equipe que lhe permitiu seguir os trabalhos ao cortar despesas. “Vocês trabalharam demais”, elogiou. Perante ao auxiliares, Gaguim assumiu responsabilidade pelos erros. “Se o governo falhou, eu assumo, foi por falta de estrutura, foi do governo”, afirmou. “Todo governo tem erros e acertos, mas eu recomeçaria tudo de novo”, disse.
O governador ressaltou que não teve “mordomias” no governo, viajando em aviões de carreira e se hospedando em hotéis com diárias que não passariam de R$ 120. “Os aviões que pagamos só levam doentes”, afirmou, citando as decisões judiciais que obrigavam o transporte de pacientes e até o pedido de prisão, depois revogado, do secretário da saúde, Francisco Melquíades, presente na reunião.
Também queixou-se de fornecedores que, segundo Gaguim, em cerca de 45 dias sem receber ameaçavam parar os serviços e, sem citar, afirmou que o governo enfrentou todo tipo de dificuldade. Gaguim também disse que há secretários trabalhando para conseguir liberação de mais de R$ 100 milhões junto ao BNDES e Banco do Brasil, destinados a obras e também para a Unitins. “Vamos deixar do BNDES mais R$ 100 milhões em caixa”, reforçou, ao reclamar que só no mês de dezembro precisou pagar mais de R$ 500 milhões em folha de pagamento.
Gaguim disse que pretende continuar em Palmas. “Eu e a Rose vamos ficar no dia a dia da cidade” e reforçou que pretende ser oposição a Siqueira. “O governo vai ter o lado dele e eu vou ter o meu, que é do lado dos meus companheiros”, frisou.
Balanço
Em parte do discurso, citou algumas realizações, entre elas a inacabada ponte sobre o Rio Tocantins em Lajeado para a qual, segundo Gaguim, vão ficar R$ 23 milhões em caixa e cerca de 220 máquinas do Dertins que não puderam ser entregues, a reforma do presídio Barra da Grota, também inacabada e que precisa de mais R$ 600 mil e cerca de 15 mil bicicletas que não puderam ser entregues por decisão da Justiça. Também considerou “espetacular” a realização do programa Acelera Tocantins que percorreu as cidades do Estado com ações de governo. (Lilton Costa – Jornal do Tocantins)




