No início de dezembro para cá, enxurradas de notas entopem as colunas de jornais sinalizando que a atual gestão petista convive com dias de pindaíba. Há relator de presos sem comida, escolas que podem ficar sem luz, o Conselho Estadual de Saúde que esta para fechar as portas por falta de dinheiro e fornecedores que penam para receber pelos materiais que fornecem ou pelos serviços prestados.
Escolhido pelo novo governador, Simão Jatene, para ser o coordenador de transição e, portanto, receptor primeiro de todas as informações que montam a configuração atual do Pará, Sérgio Leão sorri um sorriso quase nervoso e coça a cabeça ao ouvir a lista de pepinos que o governo Ana Júlia Carepa (PT) apresenta nesse quase apagar das luzes. Dia 30, quando fecham as contas do Estado, a transição saberá de fato a situação das contas e se o saldo do Pará é positivo ou negativo nos primeiros dias de 2011. “É difícil dizer agora quanto o Estado deve. A gente pede os dados, eles vêm incompletos. Mas é uma situação bem mais complicada do que imaginávamos”, revela.
Durante a entrevista, são citadas algumas denúncias publicadas desde o dia 11 que, somente elas, dão a idéia de uma dívida de R$ 48 milhões. “Ah, se fossem só R$ 48 milhões. Não sei se iríamos querer o Estado se soubéssemos que estava assim, olha…”, descontrai o coordenador, logo mudando a expressão, mostrando que vai falar de coisa séria. “Acabei de vir de uma reunião na Caixa Econômica Federal (CEF) para falar sobre o [Programa de Aceleração do Crescimento] PAC. Eles têm quase R$ 1 bilhão, 900 e poucos mil para investir, mas a contrapartida do governo do Estado, algo em torno de R$ 140 milhões, não foi paga até agora! Por causa disso, estamos perdendo quase R$ 1 bi. Isso é esterelização do dinheiro público”, lamenta. “Aliás, os dados que temos até agora sobre a realização das obras do PAC chocam pelo mau desempenho do trabalho”, dispara Leão. (o Liberal)
