Quem precisa de socorro não quer esperar, mas tem corrido o risco de ter o atendimento comprometido por causa do número excessivo de chamadas falsas recebidas pelos serviços de segurança e urgência de plantão na Capital. Segundo a Polícia Militar (PM), o Sistema Integrado de Operações (SIOP) recebeu de janeiro a abril deste ano, 43.442 trotes. Enquanto, de janeiro a maio de 2013, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) recebeu 2.492 trotes.
Mas o que impressiona é o volume acumulado de trotes recebidos por ambos os serviços. De 2007 a 2012, o SIOP contabilizou 1.430.552 chamadas falsas. No ano passado, o número de trotes para o serviço integrado de ocorrências foi de 162.391. Entre 2007 e 2012, o SAMU recebeu outros 13.338 trotes, sendo que, no ano passado, foram 6.116. Para a coordenadora do SIOP, capitã Marlene Alves Borges Machado, os registros de trotes já foram maiores, mas continuam representando um prejuízo ao trabalho da PM e dos órgãos que trabalham integrados ao SIOP. “Por conta de uma informação errada, se atrapalha todo o serviço na rua, viaturas ficam ocupadas e há um atraso no atendimento das ocorrências que realmente estão acontecendo”, explicou.
Segundo a capitã, os horários em que há maior registro dessas ligações são próximos ao horário de saída de crianças das escolas. “São crianças ligando dizendo que estão presas em casa, ou ligam e batem o telefone. Mas há também adultos que inventam uma situação de violência que estão presenciando.”
Segundo a coordenadora, na última semana, por causa de um trote, uma viatura da PM chegou a ser deslocada para uma chácara fora de Palmas porque alguém havia acionado o Siop alegando uma situação grave, com arma de fogo. “Mas, chegando lá, não havia nada”, apontou.
Para esse e outros casos, a capitã explicou que vários serviços acabam prejudicados pelos trotes. “Atrapalha o trabalho da PM, mas uma série de outros serviços, porque para atender uma ocorrência, dependendo do caso, o SIOP aciona equipes de outros serviços, como Corpo de Bombeiros, Guarda Metropolitana, fiscalização municipal de trânsito e Polícia Técnica”, completou.
Urgência
Apesar do número de trotes registrados pelo SAMU ser bem inferior aos registrados pelo Siop, o perigo no atendimento de chamadas fraudulentas pode causar prejuízos gravíssimos para quem corre risco de morrer e espera por ambulâncias deslocadas desnecessariamente, como explicou o coordenador geral do Samu, Claudenir Hatzwinkel.
Segundo ele, as crianças também são a maioria dos autores de trotes, mas para esses casos, a Central de Regulação, na maioria dos casos, consegue identificar e impedir o envio desnecessário de ambulância para a Capital ou para os municípios de Porto Nacional, Novo Acordo, Miranorte, Miracema do Tocantins, Lajeado, Tocantínia e Paraíso do Tocantins, atendidos pela Central de Regulação instalada em Palmas.
Conforme Hatzwinkel, “nos casos de acidentes de moto, que acontecem diariamente, acontece de muitas pessoas que estão passando pelo local ligarem e a pessoa que se acidentou, por estar embriagada, sem habilitação ou outro motivo qualquer, se evadir. Isso é pior que o trote, porque quem passou pelo local viu e nem sabe se vai ser necessário atendimento e a ambulância acaba indo, mas, ao chegar lá acaba, não encontra nada.”
Prevenção
Para tentar impedir que mais transtornos continuem a acontecer, o SAMU realiza atividades nas escolas da Capital para mostrar às crianças a importância do serviço e orientá-las sobre os prejuízos causados pelo trote. “Deixamos sempre a orientação, não somente, para as crianças, mas para toda população, de que em um caso de urgência, é importante permanecer calmo e responder às perguntas do atendente ou do médico regulador”, orientou Hatzwinkel. Segundo a coordenadora do SIOP, “quem pratica trote pode ser responsabilizado crime contra a administração pública e ser penalizado com detenção de um a seis meses ou multa”, disse. (JT)




