O Tocantins convive hoje com uma realidade que já não pode mais ser ignorada: mais de 44 mil famílias vivem sem moradia digna. Esse número é compatível com o tamanho de uma cidade inteira invisível, espalhada por barracos improvisados, casas sem estrutura mínima, lotes irregulares e situações que desafiam qualquer noção de dignidade humana.
Por muitos anos, políticas públicas foram anunciadas, lançadas e até celebradas, mas os resultados não acompanharam as necessidades reais da população. A habitação no Tocantins tem sido tratada como um conjunto de ações pontuais, sem continuidade, sem articulação e, acima de tudo, sem liderança.
Ao analisar tecnicamente o cenário, é preciso dizer algo com clareza: um deputado federal, sozinho, não resolve o déficit habitacional do Estado. Mesmo destinando 100% das emendas individuais apenas para habitação — algo que nenhum parlamentar faz — o impacto real seria de, no máximo, 2% a 5% do déficit ao longo de um mandato.
Essa é a verdade que raramente chega ao debate público.
Não porque ela seja complicada, mas porque não é conveniente para a política tradicional.
Mas, ao contrário de ocultar dados, acredito que a solução começa justamente por encarar a realidade como ela é.
Por que o Tocantins ainda não avançou?
O problema da moradia não é falta de vontade das famílias.
É falta de um projeto estadual de habitação, integrado, contínuo e tecnicamente estruturado.
Hoje, cada ente público age de maneira isolada: prefeituras tentam resolver demandas urgentes, o Governo do Estado atua de forma limitada, e a bancada federal não trabalha com metas conjuntas. O resultado é uma ação dispersa, fragmentada e incapaz de produzir impacto real.
O que proponho: uma força-tarefa permanente envolvendo todo o Estado
A solução está em substituir ações isoladas por um pacto estadual de habitação popular, com metas anuais e responsabilidades compartilhadas.
1. União da bancada federal em um compromisso conjunto
Não se trata de um deputado tentando resolver o problema sozinho, mas de toda a representação tocantinense no Congresso direcionando parte das emendas, de forma coordenada, para projetos de impacto estadual.
2. Articulação direta com o Minha Casa Minha Vida
O Tocantins precisa disputar, com firmeza, mais unidades habitacionais nas faixas de maior vulnerabilidade. Essa negociação deve ser contínua, estratégica e baseada em dados.
3. Regularização fundiária e melhoria de moradias já existentes
Mais da metade do déficit se refere a casas inseguras, insalubres ou irregulares.
Reformar, ampliar e regularizar essas estruturas é mais rápido e mais barato do que construir novos imóveis — e gera impacto imediato na vida das famílias.
4. Prioridade para mães solo, idosos e famílias em vulnerabilidade extrema
Uma política pública justa precisa colocar em primeiro lugar aqueles que mais necessitam de proteção do Estado.
Avançar exige coragem
O Tocantins só avançará quando abandonarmos promessas impossíveis e adotarmos um modelo de trabalho baseado em verdade, planejamento e ação articulada.
Eu acredito que o nosso Estado tem plena capacidade de liderar um projeto habitacional robusto, eficiente e histórico.
Mas isso exige uma mudança de postura: menos marketing e mais compromisso real; menos ações isoladas e mais cooperação institucional.
Não apresento esta proposta como promessa eleitoral, mas como chamado ao debate público.
O Tocantins precisa discutir seriamente a moradia.
Precisa de metas.
Precisa de continuidade.
E precisa, acima de tudo, de liderança.
Estou disposto a contribuir com esse esforço.
A moradia digna não é um favor.
É um direito — e o Tocantins não pode mais adiar essa verdade.




